segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Engenharia Semiótica em IHC

Quando estou comunicando com vocês estou usando palavras que podem ser interpetadas como um ou mais signos. Mas afinal, o que são signos e o que é engenharia semiótica?


Definição de Semiótica:
As abordagens semióticas têm como base teórica a semiótica, disciplina que estuda os signos, os sistemas semióticos e de comunicação, bem como os processos envolvidos na produção e interpretação de signos. Um signo é algo que representa alguma coisa para alguém [Peirce, 1931].

Definição de Signo:
Por exemplo, tanto a palavra em português, quanto uma fotografia de um cão representam o animal cachorro, e assim são signos de cachorro para falantes da língua portuguesa.

Como funciona:
Para que a comunicação entre duas pessoas aconteça, é preciso que o emissor da mensagem a expresse em um código que tanto ele, quanto o receptor conheçam.

Esta abordagem recebe o nome de Engenharia Semiótica, pois aborda o processo de construir uma mensagem utilizando diversos tipos de signos: textos, ícones, símbolos gráficos, sons, gestos, etc. A interface deve ser vista como a mensagem que o designer construiu para comunicar ao usuário o modelo conceitual da aplicação.

Assim como nos comunicamos através da língua portuguesa a interface gráfica é a forma de comunicação do usuário-sistema, através de sons, símbolos, ícones, etc.
Se esse processo não ocorrer não há comunicação. Isso acontece quando um signo é representado por outro signo. Por exemplo, ao digitarmos em um dicionário a palavra cachorro, o mesmo nos direciona para a palavra cão, que é exatamente igual a cachorro, porém é somente um símbolo diferente.

Um símbolo pode ser representado por vários signos formando uma cadeia infinita de interpretações, quando um signo é representado por vários signos, isso é chamado de semiose limitada.

Assim que o receptor recebe a mensagem, ele gera uma idéia daquilo que o emissor quis dizer e inicia o seu processo de compreensão [Jakobson, 1970]. Esta idéia que ele gera é chamada de interpretante, e pode, ele mesmo, gerar novos interpretantes na mente do receptor, numa cadeia indefinida de associações.

A este processo se dá o nome de semiose ilimitada [Eco, 1976] e ele acontece até que ou o receptor acredite que ele tenha uma boa hipótese do que o emissor quis dizer, ou ele conclua que não é capaz de, ou não está disposto a, criar tal hipótese. Neste caso, ele pode ou não dar continuidade ao processo de comunicação, passando então para o papel de emissor.

A Engenharia Semiótica é uma abordagem na qual os sistemas computacionais são vistos como artefatos de metacomunicação, através do qual o designer envia uma mensagem para o usuário, cujo conteúdo é a funcionalidade (o que o usuário pode fazer) e a interatividade (como o usuário pode interagir) [de Souza, 1993].

Uma foto mostrando como funciona a Engenharia Semiótica em IHC:


“Assim que o usuário percebe o que o designer quis passar, a comunicação fica bem mais fácil.” (Márcio Douglas)

Na abordagem da Engenharia Semiótica, o designer é autor de uma mensagem ao usuário, que é transmitida pela interação que caracteriza o processo metacomunicativo. Assim, o design de interfaces envolve não apenas a concepção do modelo da aplicação, mas a comunicação deste de maneira a revelar para o usuário o espectro de usabilidade da aplicação.
A Engenharia Semiótica ressalta ainda que a presença do designer no cenário comunicativo deve ser explicitada e tornada sensível para os usuários para que eles tenham maior chance de entender as decisões de design tomadas e a aplicação com que estão interagindo, sendo assim capazes de fazer um uso mais criativo e eficiente desta aplicação.

Então essa engenharia está focada principalmente no que o designer quis passar para o usuário com aquela mensagem, utilizando os signos que nós conhecemos.
Um exemplo de como o mesmo sistema pode ser interpretado de maneiras diferentes por um usuário:

•S: Forneça o 1º. Número:
•U: 5.3
•S: Você deve fornecer apenas números inteiros:
•U: 5
•S: Forneça o 2º. Número:
•U: 8
•S: O resultado da subtração é -3

E agora com uma interface:


Fica claro para nós que a partir do memento que nós utilizamos signos com o usuário fica muito mais fácil de passar a mensagem do que o sistema faz. Esse é o foco da engenharia semiótica.

Para o programador muito pouca coisa mudou, mas para o usuário deste sistema este software agora é visto como uma aplicação de cálculo de lucros de vendas. As alterações no programa foram bastante pequenas, mas produziu um efeito significativo. A perspectiva de software como artefato deve considerar como o usuário vê a aplicação. Os modelos conceituais da funcionalidade do software são distintos. Desta forma, temos software distintos com aplicações em domínios distintos. O programa nos fornece uma visão de funcionamento. O usuário possui apenas a visão de funcionalidade.

Um outro exemplo de aplicação de signos nas interfaces:


Temos duas janelas, a da esquerda é muito mais fácil, pois deixa claro que pode escolher uma das informações, um usuário novato ficaria em dúvida em marcar os três campos. O programador tem que deixar claro que a pesquisa pode ser efetuada em qualquer campo.

Mais um exemplo:



Ele tentou passar através de botões em combobox em texto, que ele deve escolher alguma coisa, clicar em alguma coisa, através dos signos.

Quando falamos de signo dentro da interface, tentamos mostrar para o usuário algo que é ligado com a nossa realidade. Como as pastas, que tentam ser mais próximas da realidade das pastas em escritórios.

Um exemplo fácil de entender pode ser visto abaixo:




É muito mais fácil verificar um erro em uma interface, quando aparece um signo de erro, através de um som por exemplo, ou de uma mensagem em vermelho.
Quando passamos caixas de texto nas mensagens, tentamos imitar o “campo de papel” que o usuário preenche em formulários de papel.

“Qualquer coisa que conduz uma outra coisa (seu interpretante) a referir-se a um objeto ao qual ela mesma se refere (seu objeto), de modo idêntico, transformando-se o interpretante, por sua vez, em signo, e assim sucessivamente ad infinitum” [Op. Cit. (pag. 74)]

Um exemplo de um menu produzida pela articulação de diversos códigos, como o usuário consegue interagir com o sistema. Ele utiliza a língua portuguesa, ícones gráficos, (... << >> ), muitas vezes também um signo é representado por cores, fica muito mais fácil dentro de uma janela, dar ênfase em um conteúdo. Ás vezes formatações diferentes chamam a atenção do usuário.





Tanto a Engenharia Semiótica quanto a Engenharia Cognitiva vêem o processo de design se iniciando com o designer que cria o seu modelo mental da aplicação, e com base neste, implementa a própria aplicação. O usuário interage com esta aplicação e através dela cria o seu próprio modelo mental da aplicação. A criação da aplicação pelo designer e a interação do usuário são assíncronas, ou seja, se dão em diferentes momentos no tempo.

A Engenharia Cognitiva se concentra na segunda etapa deste processo de design, ou seja, na interação usuário-sistema, deixando a etapa designer-sistema em segundo plano. Assim, ela enfatiza o produto deste processo, que é o sistema, e a interpretação do usuário deste produto. Em outras palavras, a engenharia Cognitiva dá subsídios para se definir a meta ideal do processo de design, um produto, cognitivamente adequado para a população de usuários.

A Engenharia Semiótica por sua vez, junta estas duas etapas ao transferir seu ponto de vista para um nível mais abstrato, no qual o designer envia ao usuário uma meta-mensagem. Desta forma, a Engenharia Semiótica dá um zoom-out no processo de design e inclui a Engenharia Cognitiva. Assim, todos os resultados obtidos na Engenharia Cognitiva continuam sendo válidas na Engenharia Semiótica. No entanto, a interação usuário-sistema deixa de ser o foco da Engenharia Semiótica, dando lugar para a expressão do designer e o processo de design como um todo.

Ao trazer o designer para dentro do foco, a Engenharia Semiótica evidencia a sua presença e permite ao usuário entender que todo sistema é uma solução potencial de um designer (ou de uma equipe de design). Assim, o usuário, ao ter problemas de interação com a aplicação, pode tentar entender o que o designer pretendia, e acertar o seu modelo mental da aplicação, aproximando-o cada vez mais daquele do designer. Fazendo isto, o usuário é capaz de alcançar um melhor entendimento das motivações e decisões tomadas pelo designer, e assim usar a aplicação de forma mais eficiente.

Então a perspectiva da engenharia semiótica é que qualquer ícone de imagem, pode dar um impacto no usuário no que o designer quis dizer. Tudo o que eu coloco na interface, eu faço uma informação para interpretação do usuário, a partir do momento que ele consegue interpretar o que o designer quis dizer, ele consegue interpretar o sistema.

Por exemplo a janela gráfica em imprimir o arquivo no windows 95, dentro da interface, o usuário pode selecionar alguma informação a ser impressa, é possível configurar a impressora através do botão configurar, selecionar impressora, selecionar o número de cópia através da caixa de texto e o que ele não pode selecionar.




A perspectiva da Engenharia Semiótica é que cada elemento presente na interface, ícones, botões, sons, palavras ou qualquer outro signo tem o potencial de comunicar algo. Cada decisão de design que o designer toma tem um impacto na maneira como o usuário interpreta aquilo que ele quis dizer.

Alguns exemplos de Significados de Elementos gráficos:






Fonte: Aula de IHC (Engenharia Cognitiva) - Professor Márcio Douglas.
Blog do Professor Aqui

12 comentários:

  1. Marcus Tadeu da Silva Alvarenga

    Engenharia Semiótica

    A Engenharia Semiótica trata da forma de interação entre o designer e o usuário através da tecnologia com a utilização de softwares por meio de suas funcionalidades que proporcionam esse entretenimento entre ambos com o objetivo de saber como o usuário pode se comunicar, e o que é permitido ao usuário em sua forma de utilização do software.

    Referência: http://www.webartigos.com/articles/34246/1/Aplicacoes-atuais-da-Semiotica/pagina1.html#ixzz154oUQCrO

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  2. Marcus Tadeu da Silva Alvarenga

    Engenharia Semiótica

    A Engenharia Semiótica trata da forma de interação entre o designer e o usuário através da tecnologia com a utilização de softwares por meio de suas funcionalidades que proporcionam esse entretenimento entre ambos com o objetivo de saber como o usuário pode se comunicar, e o que é permitido ao usuário em sua forma de utilização do software.

    Referência: http://www.webartigos.com/articles/34246/1/Aplicacoes-atuais-da-Semiotica/pagina1.html#ixzz154oUQCrO

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  3. A engenharia semiótica expõem a forma de comunicação do designer com o usuário, onde é transmitido para ele através de signos e símbolos as funcionalidades (o que o usuário pode fazer) e a interatividade (como o usuário pode interagir) [de Souza, 1993]. Tem como foco passar a mensagem do que o sistema faz, permitindo que o usuário interprete de forma simples e direta o que o designer quis dizer.
    A interface gráfica e a forma de comunicação do usuário-sistema, através de sons, símbolos, ícones, etc.

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  4. Engenharia Semiótica é uma teoria explicativa que nos permite entender os fenômenos envolvidos no design, o uso e avaliação de um sistema interativo. Que demonstra a relação entre o designer e o usuário .Tem como objetivo, o que o designer quer passar para o usuário,
    procurando esclarecer a forma e aspectos de interação que se envolve no funcionamento, e não na procurar de soluções dos problemas em questão.O que se desrespeita a Engenharia Semiótica, o designer é o responsável pela mensagem enviada ao usuário, que se trata da funcionalidade e interatividade. Tendo como ponto positivo a usabilidade.



    Referência:
    http://homepages.dcc.ufmg.br/~douglasa/arquivos/resumos/revisao_provaIHC.pdf


    Emerson de OLiveira Medeiros

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  5. Parabéns pela postagem, muito bem explicado. Gostei bastante da passagem abaixo:

    "Então a perspectiva da engenharia semiótica é que qualquer ícone de imagem, pode dar um impacto no usuário no que o designer quis dizer. Tudo o que eu coloco na interface, eu faço uma informação para interpretação do usuário, a partir do momento que ele consegue interpretar o que o designer quis dizer, ele consegue interpretar o sistema."

    Ou seja, uma imagem vale mais do que mil palavras. Sendo assim, a partir do momento que o sitema tem os "símbolos" certos para os usuários certos, a interação entre ambos será harmônica.

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  6. A Engenharia Semiótica vem manipular o usuário a partir de imagens, fazendo ele atingir seu objetivos a partir de imagens. Por exemplo, os menus do teclado, em notebooks, a maior não dizem o que fazem, apenas contém imagens, mas partir delas já se é possível se ter uma noção para que server.

    "A Engenharia Semiótica é uma abordagem na qual os sistemas computacionais são vistos como artefatos de metacomunicação, através do qual o designer envia uma mensagem para o usuário, cujo conteúdo é a funcionalidade (o que o usuário pode fazer) e a interatividade (como o usuário pode interagir) [de Souza, 1993]."

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  7. Sylvio Sebastião Malacarne Júnior16 de novembro de 2010 às 05:42

    A Engenharia Semiótica é uma maneira de facilitar a interação do usuário com o sistema através da utilização dos signos (ícones, menus, imagens, entre outros).Uma relação interessante entre a Engenharia Cognitiva e Engenharia Semiótica seria traçada pelo quanto o usuário consegue aprender do sistema apenas interagindo com a interface em relação ao tempo e esforço empregado.

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  8. Michell da Silva Polastrelli16 de novembro de 2010 às 05:48

    Imagens, sons, cores e etc, definitivamente nós ajudam a entender um sistema físico e certamente nós leva a ações a interagir com tal sistema.
    A partir do momento que conhecemos o sistema, criamos metódos que tornam mais fácil a nossa usabilidade, se os signos não forem suficientes, partimos para o segmento de pensar ou pelo menos tentar pensar na forma com a qual o design de tal sistema físico pensou quando construiu.

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  9. Engenharia Semiótica aborda uma interação entre o designer e o usuário de lado a lado a tecnologias com a utilização de softwares por meio de suas funcionalidades, por sua vez, junta estas duas etapas ao transferir seu ponto de vista para um nível mais abstrato, no qual o designer envia ao usuário uma meta-mensagem. Engenharia Semiótica dá subsídios para se definir o plano de design, um processo semioticamente coeso e consistente, que tem por objetivo levar com segurança a mensagem do designer ao usuário.

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  10. Régis José Monteiro Debona


    Concordando com (Clarisse Sieckenius de Souza, 2009)"Os sistemas falam por seus designers através de vários tipos de conversas, especificadas em tempo de design. Tais conversas comunicam a visão dos designers sobre quem são os usuários, o que desejam ou precisam fazer, preferencialmente de que forma, e por quê."

    Empregar a Engenharia Semiótica no Planajmento de um sistema é a clara e eficiente visão do designer para com as possíveis dificuldades dos usuários, simplificar funcionalidades através de signos torna o sistema atrativo e prazeroso de se interagir pois limita o campo da interpretação direcionando o esforço para o resultado esperado.

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  11. Olá boa tarde curti bastante esse artigo, gostaria de deixar um link de uma agência de marketing digital, para quem quiser o serviço de criação de sites otimizados com blog em wordpress,Seo etc em sp. https://www.alanpereira.com/

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